Opinião: "Vaticanum" de José Rodrigues dos Santos
"Vaticanum"
de José Rodrigues dos Santos
Já aqui dissemos que foram poucos os livros que não terminámos a sua leitura. Pois bem, um deles foi o Codex 632, deste mesmo autor que hoje trazemos. Tentámos lê-lo há uns anos, provavelmente pouco depois de ter saído e devemos dizer que não gostámos. Deixá-mo-lo a meio, mais coisa menos coisa. Na altura, a sensação com que ficámos foi de fastio, eram descrições a mais. Pormenores a mais. Era tudo a mais, menos o prazer que estávamos a ter ao lê-lo.
Por essa razão, desistimos de ler livros do autor até agora, há sensivelmente pouco tempo. Vimos o surgir de Vaticanum e entrámos em contacto com a editora Gradiva, que gentilmente nos cedeu um exemplar. Desta vez lemos o livro todo. Já é um começo.
Decidimos dar um oportunidade ao autor e à sua escrita, e também a nós, visto que, com o tempo que já passou, poderíamos ter adquirido uma visão que nos permitisse gostar ou avaliar a sua escrita de outra forma.
Não sabemos o que foi, mas conseguimos ler Vaticanum sem parar e sem necessitar de pausas, o que é já um bom sinal.
O enredo montado é interessante, girando à volta do historiador Tomás de Noronha. Devemos notar que, ainda assim, consideramos que o autor exagera em alguns momentos com as descrições, mas neste caso o problema eram os diálogos (ou devemos dizer antes, os monólogos) da personagem principal. Como se costuma dizer "às vezes menos é mais", talvez um pouco menos de informação em determinados momentos fosse melhor e se se tornasse menos cansativo.
No entanto, gostámos da leitura. Pareceu-nos haver alguma influência de Dan Brown, o que esperemos não ser para ficar ou pelos menos ser isso mesmo, apenas uma impressão. Pois cada autor deverá ter a sua identidade própria.
O tipo de enredo é semelhante. Mas talvez seja só isso.
Mas gostámos. Girando a história em torno dos "podres" da igreja católica e, concretamente, do Vaticano, onde se desenrola a história, chegamos ao ponto em que o Papa é raptado e Tomás irá tentar desvendar o mistério e quem estará por detrás do rapto. Até porque, terá poucas horas para o fazer, visto que na meia noite desse dia o Papa será decapitado. Conseguirá salva-lo?
Apontamos o momento "romântico" como o menos emocionante do livro. É do género, está ali, ok. Passa.
Tirando os monólogos do personagem principal, na altura mais crítica do livro, devemos dizer que é uma trama que se desenrola bem e se lê igualmente bem.
Não percam.
Classificação:
- Escrita: 9
- História: 9,2
- Revisão do texto: 9,8
- Complexidade: 7,8
- Trabalho gráfico: 10 (para a capa removível) e 4 (para a capa "fixa")
Total geral: 9,16 ( 7,96 se for considerado sem a capa removível)
0 - Péssimo
1 a 3- Muito Mau
4 a 5- Mau
6 a 7- Satisfatório
8- Bom
9 - Muito Bom
10 - Excelente!
Mais informações em:Gradiva
Sinopse
Um comando do Estado Islâmico entra clandestinamente no Vaticano e o papa desaparece. Horas depois surge na Internet um vídeo em que os terroristas mostram o sumo pontífice em cativeiro e fazem um anúncio chocante. O papa será decapitado em directo à meia-noite. O relógio começa a contar. O rapto do papa desencadeia o caos. Milhões de pessoas saem às ruas, os atentados sucedem-se, multiplicam-se os confrontos entre cristãos e muçulmanos, vários países preparam-se para a guerra. Apanhado no epicentro da crise quando trabalha nas catacumbas da Basílica de São Pedro, Tomás Noronha vê-se envolvido na investigação para descobrir o paradeiro do papa e cruza-se com um nome enigmático.
OMISSIS
A pista irá conduzi-lo ao segredo mais sombrio da Santa Sé. Usando informação genuína para nos revelar o que se esconde nos bastidores do Vaticano, o escritor favorito dos portugueses está de regresso com o thriller do ano. Com Vaticanum, José Rodrigues dos Santos mostra uma vez mais por que razão é considerado o mestre do mistério real.