Opinião: "Peónia Vermelha" de André de Oliveira
"Peónia Vermelha"
de André de Oliveira
Muita expectativa se criou à volta deste primeiro romance de André de Oliveira. Mesmo antes de o livro ser lançado já se falava nele nas redes sociais, já a capa do livro andava a circular e já muitos eram os que aguardavam para poder lê-lo. E, bem, foi assim que tomámos conhecimento deste Peónia Vermelha, através das redes sociais.
Amavelmente o autor fez-nos chegar um exemplar em troca da nossa leitura e opinião, que, já sabem, ser sempre o mais sincera possível.
E aqui está ela:
Pegámos neste livro com as expectativas elevadas, um erro. Tentamos não pegar nos livros com as expectativas lá em cima, daí que gostemos que as ondas de entusiasmo passem. E embora o tenhamos feito, o facto é que a capa e toda a envolvência do livro nos chamava a atenção e nos impelia a um entusiasmo que pensamos ter sido quebrado logo de início.
Não escapa a ninguém que estamos a falar de uma narrativa com mais de 500 páginas, o que, a bem da verdade pode não significar nada em muitos casos. Mas aqui apontamos como um dos pontos fracos. Porquê? Ora, desde logo porque a narrativa tem pormenores a mais em determinadas situações e não raras as vezes. Ou seja, não acontece aqui e ali, mas sempre.
Isso torna a leitura cansativa. Muitas das vezes há muitos adjectivos e sinónimos para dizer toda e a mesma coisa. Tornando-se cansativo e deixando o pensamento de "nunca mais sai disto"?
Além disto apontamos o facto de ficar alguma sensação de repetição de ideias, não sabemos se é propositado, mas, e mais uma vez, torna-se cansativo.
Outra coisa que, quanto a nós, não joga a favor da trama é, e como já realçamos noutros livros, o facto de existirem textos em língua estrangeira (aqui inglês) que não vem traduzida. Não nos podemos esquecer que o livro poderá ser lido, e deverá, por um vasto número de pessoas muito diferentes entre si e que poderão não ter o domínio da língua inglesa. Pensamos que isso nunca deve ser descurado, até para compreensão do texto, da intenção do autor e como forma de manter o leitor ligado ao texto.
O Autor trouxe-nos um conjunto de informações relativamente à cultura chinesa que torna a narrativa rica, bem como nos apresentou uma trama fora do habitual, o que beneficiou o texto. No entanto, alertamos para um ponto: são poucos os nomes que não fazem confusão. Ou seja, há nomes em mandarim (em escrita ocidental) que pela sonoridade que lhe damos nos confundem durante a leitura, chegamos a um ponto de não sabermos quem é quem.
Mas mais, não vemos a necessidade de repetir várias vezes o nome completo das personagens. Principalmente daquelas com três nomes. Muito cansativo.
Deixamos a nota, gostaríamos de ter ficado a saber qual a situação dos intervenientes após um acontecimento trágico ocorrido na China, não adiantamos muito, para quem ainda não leu, mas dizemos que houve um acidente, e parece que ficou por explicar no final as suas consequências para os protagonistas, afinal tiraram a vida a inocentes. E mais não dizemos.
Mas, no geral, a história trazida por André de Oliveira é interessante, com toda a história a girar em volta de encontros e desencontros e em volta de um cosmético que se torna um problema de saúde pública e de jogos de interesses ao mais alto nível político Europeu e Oriental.
Pensamos que há arestas a limar e que o Autor ao fazê-lo poderá trazer-nos tramas interessantes e dinâmicas. Ficámos com a ideia de que haverá continuação para este Peónia Vermelha, o que gostaríamos e aguardaremos.
Classificação:
- Escrita: 8
- História: 8
- Revisão do texto: 7
- Complexidade: 8
- Trabalho gráfico: 9
Total geral: 8
0 - Péssimo
1 a 3- Muito Mau
4 a 5- Mau
6 a 7- Satisfatório
8- Bom
9 - Muito Bom
10 - Excelente!
Mais informações em:Chiado Editora
Sinopse
Chi Shao é uma mulher atraente e misteriosa que decide fazer justiça pelas próprias mãos. Com um passado obscuro e cheio de pontas soltas, regressa a Portugal, onde viveu há vários anos, para resolver uma questão de vida ou morte. Uma empresa farmacêutica multinacional promete criar um elixir da juventude, acessível a todas as mulheres, mas o que não esperavam era que os primeiros testes começassem logo a correr mal.
Entretanto, na China, são encontradas centenas de mulheres com problemas de saúde gravíssimos, e outras tantas mortas, com misteriosos sinais comuns a todas. O que poderão ter em comum Chi Shao, o Presidente da Comissão Europeia e o Ministro da Saúde da China? Poderá um amor impossível salvar a humanidade de uma catástrofe de proporções internacionais? A Chi Shao resta-lhe montar uma armadilha e esperar não ser ela mesma a ser apanhada. Peónia Vermelha é um thriller intenso que levará o leitor a viajar desde a Cidade Proibida, em Beijing, até Lisboa, Frankfurt e Bruxelas num enredo que expõe o lado mais negro da corrupção política e da alma humana.