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Opinião: "Trilhos de uma vida" de Rui Marcelino


"Trilhos de uma vida"

de Rui Marcelino

Começamos a opinião de hoje dizendo que não conhecíamos o trabalho do autor Rui Marcelino e que apenas chegámos a este "Trilhos de uma vida" por força do seu novo trabalho, "Abrigados", que nos foi apresentado pela sua nova editora.

Nos último dias, temos apresentado livros que se incluem em séries ou que são seguimento de outros e que se têm lido bem em separado, embora seja sempre preferível ler desde o 1.º volume. No entanto, ao pegar em "Abrigados" reparámos que também ele era a continuação de um outro. Pois é, mas algo nos dizia que este "Abrigados" não daria para ler separadamente. Assim, pesquisámos pelo primeiro volume, aquele que hoje vos trazemos, e que nos foi simpaticamente cedido pela parceira Chiado Editora.

Como dissemos, não conhecíamos o autor, e muito menos o seu trabalho. Olhámos para o livro sem saber bem o que esperar pois a capa não nos diz muito e a sinopse muito menos (a sinopse que acompanha a capa é apenas o 1.º parágrafo daquela que vos apresentamos em baixo, retirámos tudo o resto da sinopse disponível no site da editora).

Apenas sabíamos que havia chamas, um rio, um milionário - referido na capa -, fé e sem-abrigo. Ficámos na dúvida sobre o que sairia desta trama.

Iniciámos a leitura que nos demorou quatro dias, quatro dias de 339 páginas densas. Como sabem, gostamos de textos que contenham diálogos, pois tornam as histórias mais dinâmicas e menos cansativas. Pois bem, aqui começa a nossa crítica ao livro. Os diálogos não são muitos, principalmente na primeira metade do livro.

O que torna a leitura mais lenta. Depois, aliado a isto, temos o facto de a narrativa se iniciar na Tailândia - já sabem, não vos contaremos muito - e acabar por se desenrolar em Portugal. Até aqui tudo bem. Mas não. Não está tudo bem.

Porquê? Ora, a história começa relativamente bem, com duas famílias a viajar, sendo o personagem principal um homem rico - milionário -, mas que apesar disso parece humilde e divertido; estão as duas famílias contentes na sua viagem à Tailândia até que algo acontece, um acidente que vitima a dita personagem principal.

Bem, resumidamente e sem revelar muito, podemos dizer que acabam por dá-lo como morto. E fica o homem "abandonado" à sua sorte naquele país distante do nosso - claro que há muito mais que isto, mas terão de ler para descobrir.

A coisa começa a complicar-se, em termos de leitura, quando o personagem principal decide voltar a Portugal para tentar perceber a sua situação junto da família e saber se alguém morreu no acidente.

Sucede que entra aqui a fé, o homem milionário vê-se despojado de todos os seus bens, vivendo durante a viagem da boa vontade de quem encontra e na clandestinidade. Acresce que muito mudou na sua forma de estar e pensar - aqui dizemos que há um elemento físico preponderante na história resultado do acidente, mas não dizemos o quê. Assim, fará uma peregrinação que o levará até Santiago de Compostela, em busca de respostas interiores. E mais, acompanhará a chegada do Papa Bento XVI a Fátima e com ele privará...Mas não é só aqui que surpreende, para os religiosos, há aqui notas de que gostarão.

Note-se que o protagonista não tem dinheiro, documentos, meios de transporte e a família pensa-o morto. Por isso, imaginem as peripécias para conseguir sair da Ásia e entrar no continente europeu.

Mas nesta jornada tudo se torna difícil de ler. O texto é denso, comprido e em muitas ocasiões com notória necessidade de alguns ajustes para tornar a narrativa mais leve. Foi com alguma força de vontade que continuámos a leitura, pois ainda guardávamos a promessa de uma boa trama no segundo volume.

Confessamos que a peregrinação até Santiago de Compostela foi o que mais nos custou ler, talvez pelo simbolismo que pouco ou nada nos diz, além das densas descrições.

Neste primeiro livro, o autor dá muitos pormenores de tudo, o que em alguns casos era desnecessário, como já perceberam.

Mas continuámos a leitura.

Devemos dizer que a história de Álvaro, assim se chama o personagem principal, se torna deveras mais interessante após a sua chegada a Portugal. Não só mais interessante, como vai melhorando e acrescentando mais pontos de interesse e entusiasmo, nomeadamente, no que diz respeito ao sem-abrigo Ministro que se torna seu amigo e que o levará por aventuras e será também uma ajuda na descoberta da sua situação em Portugal.

Tanto se torna interessante, que o livro termina, deixando a porta escancarada para segundo volume, de uma forma inesperada e que nos leva a pensar: coitado do homem, tudo lhe acontece. Mas não só, deixou-nos a conter a respiração e a pensar que aquilo não podia acabar assim. Felizmente já tínhamos, e temos, o segundo volume na estante, pelo que não tardará muito a saciarmos a nossa curiosidade quanto aos destinos de Álvaro e dos restantes personagens.

Só vos dizemos - em jeito de aperitivo -, que depois de tudo por que passa Álvaro no fim ainda se vê a braços com outra contrariedade, esta muito contemporânea e que assusta muitos de nós.

Queremos ler o segundo volume, pois muita coisa há a esclarecer e muitas pontas serão agora atadas. O autor dará destino às várias personagens que foram aparecendo no primeiro volume e estamos muito curiosos quanto a isso.

Não sabemos o que vamos encontrar no segundo volume em termos de estrutura. Esperamos que a leitura seja mais leve, pois a história só teria a ganhar com isso, não sabemos se faríamos novo esforço para continuar uma leitura do autor caso o texto permaneça como este primeiro.

Embora o que fizemos com o este volume se tenha revelado interessante e compensador, acabando por ser uma leitura rápida.

Classificação:

- Escrita: 7,8

- História: 8

- Revisão do texto: 7

- Complexidade: 8

- Trabalho gráfico: 7

Total: 7,56

0 - Péssimo

1 a 3- Muito Mau

4 a 5- Mau

6 a 7- Satisfatório

8- Bom

9 - Muito Bom

10 - Excelente!

Mais informações em: Chiado Editora

Sinopse

Envolto em chamas, logo após o acidente, não tivera tempo para ver nada, senão o rio, que se apresentara ali mesmo, à sua frente, oferecendo-se para o salvar. Ter-se-iam também salvo, os outros?Lembrou, depois, com nostalgia, o tesouro que perdera, talvez para sempre…A verdadeira conquista está no cérebro e não no olhar, que é um mero instrumento para angariação de tonalidades e encantamentos que a mente processa a seu bel-prazer.Conseguiu, a partir de então, exultar com o tesouro que possuía, apesar de não poder, dele, usufruir.

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