Opinião: "Os sonhos de Joana", Lourenço Moura
"Os sonhos de Joana"
de Lourenço Moura
Boa tarde leitores, hoje trago um romance histórico. Este livro foi-me enviado gentilmente pela Sana Editora. Não conhecia o mesmo e não sabia o que tratava a sua história. Apenas sabia que se deveria debruçar sobre uma personagem histórica.
Efectivamente, como explica a sinopse, este livro fala sobre a princesa Joana filha do Rei D. Afonso V.
Confesso que este livro me assustou quando peguei nele para o ler. Não porque seja grande, um calhamaço, porque não o é. Tem à volta de 200 e poucas páginas. Mas antes, porque se apresenta, em primeiro lugar, com uma característica que vem sendo marca da Editora, ou seja, margens curtíssimas. Isso dá uma sensação de muito texto numa só página. Falei disso no livro "Abrigados".
Mas não foi só isso, em segundo lugar, e já relacionado com a escrita do autor, foi um texto que se apresentou - logo quando folheei o livro - com muito texto corrido, sem diálogos. Isso causa-me sempre muito receio, pois normalmente significa que vou encontrar um texto denso, lento e com muita informação.
Já várias vezes disse aqui que gosto de livros com diálogos, pois torna o texto fluido e a trama desenrola-se de uma forma mais rápida e apelativa. Ainda assim, lançei-me na leitura deste livro tentando não me focar no facto de os diálogos serem escassos.
A trama inicia-se com Joana na juventude com as suas amigas, na corte, na altura em que o seu irmão D. João e o seu pai se preparam iniciar uma viagem de conquista pelo norte de África.
Depois disso acompanhamos Joana enquanto regente do reino e, depois, quando vai em retiro para um mosteiro. Tudo por conta dos mexericos que se criam no reino e que Joana quer debelar. Quando está em retiro, Joana revela-se devota e movida pela caridade, liberta dos bens materiais.
Enquanto isso, assistimos a duas pestes em Portugal, a morte e à ascensão de D. João ao trono.
Agora, o que achei da história? O texto acabou por me surpreender. Acabou por ser uma leitura rápida e nada cansativa. Li o livro em poucos dias.
A abordagem do autor foi interessante, contou a história de Portugal e de Joana de uma forma apelativa e com uma escrita muito simples. Gostei do trabalho gráfico, a capa é extensível, repleta de pormenores. Ao longo da trama há imagens de época às cores e no fim, há mapas e auxiliares de leitura.
Aponto ainda o facto, positivo, de serem feitas notas de rodapé ao longo do texto e não deixadas para o final como em muitos livros. Como foi feito neste facilita muito a leitura.
Um livro que poderia ser "uma seca" mas que o não foi. Gostei de o ler e de conhecer uma personagem histórica que desconhecia.
Para amantes de romances históricos, não percam!
Classificação:
- Escrita: 9
- História: 9
- Revisão do texto: 9
- Complexidade: 9
- Trabalho gráfico: 9
Total: 9
0 - Péssimo
1 a 3- Muito Mau
4 a 5- Mau
6 a 7- Satisfatório
8- Bom
9 - Muito Bom
10 - Excelente!
Mais informações em: Sana Editora
Sinopse
A infanta Joana vive numa época fervilhante, em que o reino passa por grandes mudanças e enfrenta enormes desafios. O Norte de África tornou-se um espaço de conquista, mas também de elevados custos humanos e do erário régio. Por outro lado, os navios que têm contornado a sua costa ocidental, cumprindo ordens de El-rei, seu pai, trazem a cada dia notícias de novas terras, novos povos e, claro, novos bens que podem ser comerciados. Lisboa tornou-se um dos maiores centros de mudança do mundo conhecido, onde confluem gentes das mais diversas fés e culturas. Com a riqueza florescem a ambição, os jogos de poder e as intrigas. O sentido de justiça é ajustado por opções de governação pragmáticas. Joana tem dificuldade em compreender esta realidade tão complexa e sente-se cada vez mais confusa e incomodada. O seu sentido religioso reforça-se. A opção por uma vida em reclusão, longe de todos os conflitos de interesse, aumenta progressivamente como se fosse um aconchegante refúgio no meio de uma tempestade. Por entre as suas convicções, mas sobretudo muitas dúvidas e anseios, tem alguns sonhos misteriosos, que no início não consegue compreender...
