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Opinião: "O poder", Naomi Alderman


"O poder"

de Naomi Alderman

Boa tarde leitores,

Estive de férias e só agora consigo actualizar as opiniões aqui no blogue.

Assim, hoje falo-vos do que achei desta novidade de 2018 da Edições Saída de Emergência, "O poder".

Para já digo que adorei este livro. Não sei porquê, mas não esperava gostar tanto dele. A autora surpreendeu com a sua escrita e com esta história.

Basicamente, este livro fala-nos do que acontece quando a raça humana é afectada pelos efeitos de químicos, como os produzidos por bombas atómicas. Mas não no sentido daquilo que estamos habituados a ver relatado na história.

Neste livro o poder começa a manifestar-se nas mulheres, começa nas mais novas e estas passam a conseguir despertar o poder nas mais velhas. O que é o poder? Bem, de uma forma simples, é a capacidade que as mulheres adquirem de produzir descargas eléctricas.

Este poder espalha-se pelo mundo e uma revolução feminina tem lugar. Imaginem o que é, mulheres que estão subjugadas - ainda hoje - às mãos dos homens e de sociedades machistas ganahrem um poder capaz de as libertar. Pois é, a confusão que se gera é muita e os homens acabam por se sentir em perigo e não saberem o que fazer.

À volta disto surge uma representação feminina de Deus, com uma imagem na terra - à semelhança de Jesus - na "forma" de mulher. Ou seja, uma rapariga que detém o poder e que fala com essa Deus. Isto leva ao nascer de uma nova seita/religião que vai, de certa forma, dominar o mundo e angariar muitos fundos e seguidores, não só anónimos mas também pessoas no poder.

A forma como a autora conta a história acabou por me pôr a pensar em como seria um mundo assim, em como desta forma exacerbada me fez perceber que isto acontece mas ao contrário, ou seja o domínio do homem sobre a mulher. Embora cada vez mais esbatido na nossa sociedade (e ainda muito pouco esbatido noutros países fora da Europa). É interessante ver como algumas coisas quase me chocaram, mas, depois, ponho-me a pensar e chego à conclusão que aquilo que aquelas personagens fazem é o que os homens fazem na realidade às mulheres. Claro que não ipsis verbis, isto porque os homens não têm aquele poder imaginado pela autora, mas a semelhança com os efeitos é muita.

Depois, o nascer daquela religião/seita em muito lembra a religião católica - refiro-me a esta por ser aquela que maior expressão tem entre nós -, as bases e os efeitos são os mesmos.

Por todos os ingredientes apostos naquele livro, fez com que o adorasse. A leitura foi prazerosa como há muito não tinha uma.

Epá (permitam-me) foi uma leitura que no fim me deixou mesmo satisfeita. Suspirei de satisfação e isso não acontecia há muito. Um desenrolar de acontecimentos que nunca mais acaba, saltamos de personagem e de perspectiva dos acontecimentos de uma forma muito inteligente e sem perder o fio condutor.

Muito bom.

Classificação:

- Escrita: 10

- História: 10

- Revisão do texto: 10

- Complexidade: 9

- Trabalho gráfico: 10

Total: 9,8

0 - Péssimo

1 a 3- Muito Mau

4 a 5- Mau

6 a 7- Satisfatório

8- Bom

9 - Muito Bom

10 - Excelente!

Mais informações em: Edições Saída de Emergência

Sinopse

Quando as raparigas ganham o poder de causar sofrimento e morte, quais serão as consequências?E se, um dia, as raparigas ganhassem subitamente o estranho poder de infligir dor excruciante e morte? De magoar, torturar e matar? Quando o mundo se depara com esse estranho fenómeno, a sociedade tal como a conhecemos desmorona e os papéis são invertidos. Ser mulher torna-se sinónimo de poder e força, ao passo que os homens passam a ter medo de andar na rua, sozinhos à noite. Ao narrar as histórias de várias protagonistas, de múltiplas origens e estatutos diferentes, Naomi Alderman constrói um romance extraordinário que explora os efeitos devastadores desta reviravolta da natureza, o seu impacto na sociedade e a forma como expõe as desigualdades do mundo contemporâneo.

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