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Opinião: "Um castigo exemplar" de Júlia Pinheiro

  • Foto do escritor: Livros de Vidro
    Livros de Vidro
  • 14 de jul. de 2016
  • 3 min de leitura

"Um castigo exemplar"

de Júlia Pinheiro

Não amámos de paixão este livro. Talvez tenhamos pegado nele com elevadas expectativas, esperando algo tremendamente arrebatador, pois bem, não o é. No entanto, embora não seja algo demasiado extraordinário, também não é mau.

Esclareçamos, Júlia Pinheiro não escreve mal, pelo contrário, mas cabe-nos abstrair da pessoa que é e que representa no nosso panorama televisivo, assim sendo, devemos dizer que achámos a história com falta de um "tempero", faltava qualquer coisa. Estava quase lá para nos poder fazer dizer "uau".

Não fez.

A história já de si relata uma vivência amargurada, de uma jovem dos finais do século XIX, filha única de uma família burguesa. Amélia é filha de um pai juiz e de uma mãe que passa a vida a dizer-se doente e que há volta de vinte anos que não sai do quarto.

Imperando a necessidade de um bom casamento, nada melhor do que "aproveitar" o interesse de um filho de viscondes, bem posicionado e rico.

Amélia é inocente, não vislumbra a verdadeira razão do interesse do seu Henrique em casar consigo, uma jovem sem muitas posses, sem um título condizente com o seu, não propriamente muito instruída e culta. Mas está feliz por casar com Henrique, está apaixonada.

Mas as coisas não correm como esperava desde o início, desde o "namoro" de poucos meses. E é a partir do casamento que tudo se começa a revelar aos olhos de Amélia até que se chega ao grande ponto de viragem.

De uma jovem inocente, crédula e mesmo, permitam-nos, "tapadinha" passa a ser uma jovem seca de sentimentos, fria, arrogante e calculista.

É interessante ver esta transformação de Amélia, e foi, principalmente, esta mesma transformação que nos prendeu ao enredo, o tentar saber e perceber em que é que Amélia se transformaria. Quais as razões de Henrique para casar com uma jovem que nada tinha a oferecer a alguém da sua posição, um descendente de alta linhagem, empreendedor, cientista e milionário em ascensão.

Toda a trama montada é interessante e está bem delineada, apenas falta qualquer coisa. Talvez um certo entusiasmo.

Esperamos ter oportunidade de ler o outro livro da autora, por forma a percebermos se se está diante de um estilo de escrita ou apenas de falta de tempero deste livro.

Classificação:

- Escrita: 8,9

- História: 8

- Revisão do texto: 9

- Complexidade:9,2

- Trabalho gráfico: 7

Total geral: 8,42

0 - Péssimo

1 a 3- Muito Mau

4 a 5- Mau

6 a 7- Satisfatório

8- Bom

9 - Muito Bom

10 - Excelente!

Mais informações sobre o livro: Esfera dos Livros

Sinopse

Muito antes de amar o meu marido, odiei-o profundamente. Não tive alternativa, nem ninguém me ensinou outro caminho. Procurei conselho junto da minha família, entrei desesperada no confessionário para revelar a sombra que se apoderava do meu coração. Todos os esforços se revelaram em vão. Eu, como qualquer mulher do meu tempo e da minha classe, fui ensinada a fazer dos sentimentos a razão da minha existência. Não me posso sujeitar à indignidade do trabalho e não escondo que acho a caridade entediante. Só me restou o amor, o casamento e a maternidade. Como falhei estes desígnios, abracei o ódio com a ternura e o empenho com que qualquer marido gostaria de ter sido amado. Até o meu. Amélia Novaes, uma jovem tímida, sem berço e de aparência banal, é inesperadamente cortejada por um dos solteiros mais desejados do Porto do final do século XIX — Henrique Bettancourt Vasconcelos, filho do terceiro visconde De Lara. Apesar do desagrado da família do aristocrata, o casamento não tardará a acontecer e, no seu novo estatuto, Amélia antevê uma vida de conforto e alegria. Mas a sua ilusão começa a ruir quando Henrique decide partir sozinho para uma longa viagem pela Europa, para dar asas aos seus negócios. É então que a mágoa toma o lugar do sonho no espírito de Amélia, a cujas transformações vamos assistindo neste romance intenso, surpreendente e profundamente revelador da natureza humana, que marca o regresso de Júlia Pinheiro à ficção depois do sucesso de Não Sei Nada Sobre o Amor.

 
 
 

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