top of page

Opinião: "Rutura" de Luís Eiras


"Rutura"

de Luís Eiras

Demorámos mais tempo do que esperávamos a ler Rutura. Estávamos à espera de uma escrita mais desenvolta e como mais dinâmica.

O que, para nós, não favoreceu esta narrativa prende-se com a aparente necessidade do autor de contar e enquadrar o leitor nos meandros históricos que envolvem a trama. Se por um lado esse enquadramento é necessário, por outro, consideramos que não houve, em algumas situações, o meio termo, tornando a leitura algo lenta e mesmo pesada.

Tal situação poderia ter sido minorada caso existissem alguns diálogos pelo meio, mas nem isso. Depará-mo-nos com alturas de muito texto corrido sem qualquer tipo de acção.

Mas, à parte disso, temos uma história interessante, passada na bela cidade do Porto em que um arquitecto se vê a braços com um grande projecto. Projecto esse em colaboração com o famoso museu do Louvre e que trará a Portugal três jóias valiosas para exposição.

O arquitecto Sigmund Eberhard ver-se-à diante de uma dupla de malfeitores que, descobre, se preparam para assaltar a exposição e roubar as preciosas jóias. Mas não é tudo, ao mesmo tempo, Sigmund apaixona-se, finalmente, por Francisca, no entanto, também ela poderá estar de olho nas jóias, sendo a aproximação a Eberhard puramente estratégica. Será?

A trama concebida pelo autor é interessante, embora tenha aquele ponto em seu desfavor. Mas devemos ainda referir que no fim da leitura depará-mo-nos com outra coisa de que não gostamos, somos esquisitos, bem sabemos.

Tudo se orientava em determinado sentido (desculpem mas não contamos a história, já sabem), tudo parecia encaixar e voilá, é deixada em suspenso uma outra possibilidade, assim, sem mais desenvolvimentos.

Não gostamos, não gostamos de ficar pendurados. Não gostamos de ficar sem saber o que lá poderia vir. Por isso, desejamos afincadamente que o autor escreva uma continuação e que nos tire desta ansiedade.

Classificação:

- Escrita: 8,9

- História: 8

- Revisão do texto: 8,1

- Complexidade:7

- Trabalho gráfico: 8,8

Total geral: 8,16

0 - Péssimo

1 a 3- Muito Mau

4 a 5- Mau

6 a 7- Satisfatório

8- Bom

9 - Muito Bom

10 - Excelente!

Mais informações em: Sinapis Editores

Sinopse

A história debruça‑se sobre a vida de Sigmund Eberhard, um arquiteto alemão na casa dos quarenta que se apaixonou por Portugal. Escolheu Lisboa primeiro e depois a cidade do Porto para viver. Com um passado sentimental que o marcou indelevelmente, deixa para trás um divórcio quando se muda definitivamente para Portugal. Vive a sua profissão com paixão e à qual se entrega diariamente. Desde logo se assiste a Sigmund a preparar a organização de uma exposição de jóias carregadas de significado histórico para o estado francês e que pertencem ao acervo do Museu do Louvre. A história começa precisamente com um assalto que é levado a cabo ao atelier de arquitetura e engenharia de que é dono conjuntamente com Helíades de Barbosa, seu sócio e amigo. Intriga­‑se com as verdadeiras motivações do assalto e, ainda que hesitante inicialmente, decide investigá­‑lo por conta própria face à aparente impotência da polícia judiciária portuguesa. No decurso da organização do evento e das investigações ao assalto conhece por obra do acaso (é por ela atropelado) Francisca Charlton, jovem portuguesa com educação Londrina por quem se apaixona. Consegue aos poucos ultrapassar os traumas sentimentais. No entanto, inquieta­‑se com a descoberta da chegada a Portugal de um grupo de criminosos de diferentes nacionalidades. Grupo que é liderado por um português velho conhecido – Vicente Lunda – e um serra­‑leonês revolucionário – Rashid Forna. Este último com ligações aos diamantes de sangue africanos. Desconfia que o grupo pretende assaltar os três diamantes de relevo presentes na grande exposição a decorrer no Palácio da Bolsa, no Porto. É neste contexto que acaba por enquadrar o roubo de importantes elementos relacionados com a exposição do seu gabinete. O futuro, como a todos nós, reserva­‑lhe surpresas.

Destaque
bottom of page