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Opinião: "Quando tu nos mentes" de Miguel Agramonte


"Quando tu nos mentes"

de Miguel Agramonte

Bem, já devem ter reparado que estamos de férias, pois é, trazemos mais uma opinião.

Hoje um livro assumidamente gay. Por isso, quem não estiver à vontade com o tema, já sabe, não tem de o ler. Mas daremos a nossa opinião da mesma forma.

Devemos confessar que é sempre algo complicado dar a opinião sobre estes livros. Aqui não nos referimos ao tema, que não nos gera qualquer confusão, mas antes à forma como quem os escreve normalmente recebe a crítica. Pois é, já nos aconteceu num livro com esta temática o autor ter - pareceu-nos - levado a crítica ao livro como pessoal e não, como deveria ser, uma opinião do trabalho que desenvolveu, como qualquer outro autor.

Sabemos que o tema para muitos é sensível, mas atenção não queremos saber da orientação sexual de ninguém, apenas criticamos/opinamos sobre os livros que nos chegam, as histórias, etc. Pelo que avisamos sempre - e isto para todos os autores, escritores e editoras - se não estão aptos para receber a crítica, seja ela boa ou má, então não nos proponham os vossos livros. Ou aguardem pelo momento em que se sintam preparados e com poder de encaixe para receber opiniões sinceras sobre o vosso trabalho.

Ainda assim, já sabem, não deixamos de dizer o que achamos, seja qual for o livro, seja qual for o tema. A editora Capital Books remeteu-nos gentilmente este exemplar. Não nos disse do que se tratava, nem teria de o fazer. E bem. É mais um livro que agradavelmente recebemos e muito nos alegrou a sua chegada.

A capa não se denunciou, não nos disse do que se tratava. Não vamos a correr ler as sinopses, não. Os livros têm de nos chamar. Como se houvesse momentos certos para cada livro. Pois bem, o momento deste "Quando tu nos mentes" chegou e fomos ler a sinopse. Deparámo-nos com um livro assumidamente gay, sem qualquer complexo em dizê-lo e afirmá-lo.

Questionamos, e porque não?

Confessamos que ficámos a olhar para o livro durante uns momentos, ponderando se realmente deveríamos pegar nele. Recordámo-nos do episódio do tal autor, que descrevemos em cima. Mas pensámos que isso não teria qualquer influência. Lemos o que queremos e limitamo-nos a emitir a nossa opinião. Cabendo a cada um extrair o que melhor quiser para melhorar e evoluir.

E assim lhe pegámos. Sem saber o que lá vinha.

Devemos dizer que fomos surpreendidos, gostámos do livro. Inicialmente é confuso, são cinco personagens, todas são homens o que acaba por nos confundir um pouco. Ajuda o facto de cada capítulo corresponder à visão de cada um dos personagens.

São-nos apresentados o Nuno, Marco, Artur, José e Rafael. As suas histórias cruzam-se sempre de alguma forma. Este livro mostra-nos um pouco aquele que muitos dizem ser o desprendimento que estas relações têm, sem complexos no que respeita a envolvimentos, a separação que se faz entre amor e sexo, os ciúmes.

O livro apresenta-nos o mundo do engate online para relações curtas, momentâneas, no seio de relações duradouras. E a forma como os personagens as vivem.

Achámos a trama engraçada, lemo-lo de uma assentada, foram 125 páginas de leitura corrida. Embora não floreie as palavras, usando-as tal qual elas são, fá-lo sem qualquer tipo de pretensão a chocar. Muito pelo contrário. Uma linguagem simples, banal e mundana.

O autor mostra-nos pelo menos 4 personalidades diferentes, formas de viver distintas, com objectivos distintos.

Embora tenhamos gostado do livro achámos que o final não teve brilho algum. Devemos dizer que acabámos o livro à espera de mais. Não há dúvida de que o autor se o quisesse teria conseguido construir aqui um livro muito mais complexo e com uma história que nos agarraria até ao último fôlego, no entanto, deixou-nos apenas com aquela sensação de nos ter dado apenas uma introdução para algo mais. Soube a pouco. Talvez demasiado rápido.

Não esperem uma trama muito elaborada, porque não o é, é quase como se estivéssemos a ouvir os desabafos de amigos.

Acabámos por simpatizar com todos os personagens. O enredo final, a ideia final, tornou o livro ainda mais interessante, a forma como se desenrolou, mas lá está, o fim... faltou algo.

Não é difícil lê-lo, não é difícil de o compreender, a escrita é leve e desprendida. Dinâmica.

Óptimo para leitura de praia.

Classificação:

- Escrita: 8

- História: 8,5

- Revisão do texto: 10

- Complexidade: 9

- Trabalho gráfico: 6

Total: 8,3

0 - Péssimo

1 a 3- Muito Mau

4 a 5- Mau

6 a 7- Satisfatório

8- Bom

9 - Muito Bom

10 - Excelente!

Mais informações em: Capital Books

Sinopse

Até onde vai Marco por amor, Nuno pela vontade de trair, Artur pela luxúria ou José pelo prazer da caça? E Rafael? À medida que esta história, apresentada de uma forma pouco comum, evolui, a malha que envolve as personagens vai ficando cada vez mais apertada. Afinal, o que é certo ou errado e onde está a verdade? “Quando tu nos mentes” é um livro gay, honesto, com personagens “reais” e consistentes, onde a trama é vivida na primeira pessoa. Com uma linguagem direta e crua, a história é contada de uma forma veloz, através dos olhos dos intervenientes, variando entre a doçura e a violência, coerente com os seus perfis mentais e as suas vivências.

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