Opinião: "Promete-me" de C.M. Cruz
"Promete-me"
de C.M. Cruz
Olá de novo leitores, pois é, já cá estamos de novo com mais uma opinião. Sim, é verdade, começámos este livro ontem e já o acabámos. Podemos dizer que foi lido em pouco mais de 4h ao longo de 24h.
Começamos por dizer que conhecemos a autora brevemente, há uns meses atrás, e ficámos curiosos quando nos disse que ia lançar o seu primeiro livro. Não conseguimos estar no lançamento, mas o livro não nos escapou apesar de abordar um tema que não nos diz muito, mas lá vamos aceitando desafios e saindo da nossa zona de conforto.
Porquê? Ora estamos diante de um livro com bolinha vermelha. Sim, não o aconselhamos a menores de idade. Não que o tenhamos achado violento ou sexualmente vincado, mas sim porque a linguagem tem de ser lida e compreendida no contexto em que é aplicada e porque é notoriamente escrita para adultos e para a compreensão dos mesmos. Embora haja cenas de cariz sexual, mas já explicaremos a nossa ideia face à linguagem e à escrita.
Assim dizemos que livros de cariz mais erótico/sexual não são os nossos eleitos, mas não deixámos de o ler. Ou de escolher um ou outro, como já vos trouxemos.
Depois, dizemos-vos que encerra em si mesmo uma história algo complicada, Beth, a protagonista, relata os sete anos em que esteve cativa às garras de uma organização que a fez sua escrava sexual, a ela e a outras raparigas das mais variadas idades.
Beth tinha a vida perfeita até esse episódio.
Poderíamos pensar que íamos apenas ler um relato de toda a vivência, mas não, a autora foi inteligente ao intercalar o passado com o presente, indo de um para o outro de uma forma suave e que se foi encaixando perfeitamente.
A autora descreve a tortura por que passou a protagonista não se preocupando com as palavras, o que torna as coisas mais realistas. Mas devemos dizer que estávamos à espera de algo mais chocante, de um livro mais carregado.
Mas não, as descrições da autora, mesmo relativamente ao presente e às relações entre personagens, foram realistas, sim, mas não tão intensas como tínhamos imaginado.
Sinceramente, isso jogou a favor da história pois permitiu que fosse a nossa mente a imaginar os cenários, deixando-nos livres para isso e não nos obrigando a fazer um esforço por decifrar ou absorver demasiada informação ou demasiadas palavras de cariz mais explícito. O que às vezes torna os livros enjoativos, pelo excesso.
No geral a história de Beth está bem pensada. O tema não é novo, mas é real. Há romance à volta da trama, o que também é bom. Há amizades. Mas há ainda o medo de uma nova captura.
Beth conseguiu escapar ao cárcere, mas trouxe consigo muitos fantasmas e recordações que tenta ultrapassar quando conhece Alec (só vos estamos a dizer o que está na sinopse, já sabem que mais que isso não vos dizemos), mas será que tem razões para olhar sempre por cima do ombro? Haverá possibilidade de a organização andar à sua procura? Saber que está viva?
Pois é, o final é aberto e deixa-nos a pedir pelo segundo livro. Isso é um facto. Mas devemos ser sinceros, não sabemos até que ponto não haverá um anticlímax na continuação. Tememos que a história se encaminhe para clichés e que possa perder encanto. Esperamos que não e que a autora consiga prender os leitores no seu segundo volume, que sabemos estar para breve.
Estamos curiosos por ler o fim da história de Beth e, claro, para saber o que vai acontecer depois do fim abrupto do primeiro volume. Atrevemo-nos a dizer que era uma história que ficaria bem sem a divisão em dois volumes. Embora respeitemos a posição e opção da autora em apartá-lo.
Mas não ficamos por aqui. Se a história é fácil de ler e nos vai prendendo, não nos exigindo um esforço para a compreender, o facto é que há coisas que não o favorecem.
E vamos falar delas, apesar de uma delas ser raro haver pronúncia da nossa parte, por considerarmos ser trabalho das editoras. Até porque, quando um livro sai é a imagem da editora que está associada a todo o produto final, consideramos que deveriam, pelo menos, fazer os mínimos, o que nem sempre acontece.
Comecemos.
Primeiro temos a capa. Não ficámos apaixonados. O vermelho chama a atenção, sim. Mas a capa em si não tem um brilho especial. Nem sequer diz o que o livro é. Pensamos que não lhe faz jus. Falta qualquer coisa.
Segundo, lá está o que não costumamos referir, há muitos erros. Por um lado, note-se que a autora é brasileira estando em Portugal já há largos anos. Pensamos, pelo que percebemos, que terá feito grande parte da escolaridade em Portugal. Mas vê-se na sua escrita uma mistura das duas variantes do português, se é que podemos chamar assim. O que tira, naturalmente, brilho e correcção ao livro.
Por outro lado, há os erros de escrita e falha de letras. Não são poucos. Daí que seja esta uma excepção à nossa regra de não falar sobre estas coisas.
Terceiro, outro ponto que não nos agradou, mas que é algo nosso, de preferência meramente pessoal, e que a opinião que deixámos ontem padeceu de igual comentário, é o facto de a autora usar antes dos nomes o artigo "o" ou "a". Já dissemos, não é errado. Mas nós preferimos que haja uma impessoalidade. Quanto a nós torna o texto mais bonito. Mas, lá está, aqui é um gosto pessoal.
No geral, a trama agradou-nos, passámos uns momentos agradáveis de leitura e estamos a aguardar a continuação pelas razões que já dissemos. Esperamos ver uma evolução na estrutura do texto e em breve trazer-vos a opinião à continuação.
Se gostam deste tipo de leitura não o deixem escapar! Mas já sabem, tem bolinha vermelha.
Classificação:
- Escrita: 8
- História: 8,2
- Revisão do texto: 4
- Complexidade: 9
- Trabalho gráfico: 7
Total: 7,24
0 - Péssimo
1 a 3- Muito Mau
4 a 5- Mau
6 a 7- Satisfatório
8- Bom
9 - Muito Bom
10 - Excelente!
Mais informações em: Chiado Editora
Sinopse
A minha vida era completa e perfeita.
Era feliz, amada e protegida.
Até que tudo mudou, quando fui raptada.
Após quase 7 anos como escrava, encontrei a minha liberdade.
Mas até que ponto eu estava realmente livre?
Elizabeth Collins tinha tudo o que sempre sonhou. O emprego para o qual estudou, uma família que a adorava e um namorado que a amava.
Foi com o pensamento de um futuro promissor, que o mundo da Beth desabou aos seus pés.
Ela foi raptada, torturada e violada por 7 longos anos. Levada para um mundo de terror e sofrimento, foi forçada a anos de cativo, sem esperança.
Mesmo tendo encontrado a sua liberdade, estará ela realmente livre? Irá ela conseguir viver num mundo onde os monstros de verdade existem? Ou será que o Alec Brenner a conseguirá salvar de seus demónios?
Uma promessa foi tudo o que ela pediu. Mas não era uma promessa qualquer. Será o Alec capaz de cumprir o prometido? Mesmo que isto signifique perder a Beth para sempre?
Um romance obscuro, com elementos ásperos, tais como linguagem forte, violência e conteúdo sexual forte. “Promete-me” é o primeiro livro da série “Hoje e Sempre” e contém temas sensíveis para algumas pessoas.