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Opinião: "A Rainha perfeitíssima" de Paula Veiga


"A Rainha perfeitíssima"

de Paula Veiga

Hoje trazemos mais uma opinião. Pois é, o feriado rendeu e cá estamos com mais uma história lida.

Seleccionámos um romance histórico da colecção "A história de Portugal em romances" da editora Saída de Emergência. Este não é o primeiro livro que trazemos desta colecção e, como correu bem a leitura do anterior - O último conjurado -, agarrámos neste com alguma expectativa.

Já sabemos que as expectativas são aquele bicho que não deveria andar agarrado a nós, pois poderá trazer-nos dissabores. E foi o que quase aconteceu com este livro.

Este livro retrata a perspectiva da Rainha Leonor de Lencastre, rainha de Portugal. E quando dizemos "perspectiva" é isso mesmo. Embarcamos numa narrativa que é conjugada entre a descrição feita aos acontecimentos como se os tivéssemos a presenciar naquele momento e, depois, vamos lendo uma narração feita pela Rainha.

Julgamos que é esta narrativa da visão da Rainha a parte romanceada da trama. Devemos dizer que não é um romance como esperávamos, em que se pega na factualidde histórica e se criam situações amorosas e conflituosas que nos prendem intensamente.

Temos antes uma descrição histórica, contada cronologicamente e que se vai entrelaçando com pontos suscitados pela imaginação da autora.

É um livro que se lê rápido, a seu favor tem o facto de os acontecimentos serem narrados com um máximo de duas/três páginas. O que nos permite avançar rapidamente. A escrita é corrida e não oferece grandes obstáculos na sua leitura.

Contra, apontamos a circunstância de serem narrados factos como se fossem separados. Embora as personagens sejam as mesmas, não parece estarmos diante de uma história una. É como se a autora se limitasse a pegar nos factos históricos que ocorreram em vida da Rainha Leonor e os fosse relatando em separado, tendo apenas como fio condutor a própria Rainha.

Não sabemos se nos estamos a fazer entender, mas não há aqui a narrativa completa por parte da Rainha, por exemplo, relatando sempre e unicamente a sua visão e emoções - o que poderia ter sido uma opção - romanceando a sua história e as suas paixões. Não, o que nos é contado é um pouco superficial.

É quase como se estivéssemos a ler um livro de história mas com a particularidade de às vezes o narrador falar na primeira pessoa - como num diário - e nos contar a sua visão.

Mas não podemos dizer que não tenhamos gostado do conteúdo, porque até gostámos. Conseguimos apreender momentos históricos que desconhecíamos, e isso é sempre importante.

Algo de que nos apercebemos, foi a quantidade de nomes que se repetiam nos idos tempos históricos do nosso país. Tanto que, chegámos a uma altura que já não sabíamos quem era quem. A quantidade de João, Leonor, Afonso e etc era uma constante. E em especial na narrativa que lemos, torna-se confuso. Bem sabemos, que os nomes históricos faz sentido mantê-los, mas não deixou de ser confuso.

Não era o romance que estávamos à espera, mas não podemos dizer que tenha sido mau ou tempo perdido, porque não foi. É uma forma mais leve de conhecermos a nossa própria história e isso a autora conseguiu, ou seja, prendeu-nos.

Deixamos a nota, este livro, no final, vem acompanhado com uma cronologia e vários esquemas da descendência - o que dá jeito. No entanto, um desses esquemas quase se torna imperceptível. Parece-nos que a impressão não conseguiu deixar no papel o que se pretendia. Há nomes que ficam ilegíveis.

Classificação:

- Escrita: 7

- História: 8

- Revisão do texto: 9

- Complexidade: 8

- Trabalho gráfico: 8

Total: 8

0 - Péssimo

1 a 3- Muito Mau

4 a 5- Mau

6 a 7- Satisfatório

8- Bom

9 - Muito Bom

10 - Excelente!

Mais informações em: Edições saída de emergência

Sinopse

No século de ouro dos Descobrimentos, quando Lisboa era a capital das riquezas exóticas, viveu a mais rica, culta e fascinante princesa da Europa: Leonor de Lencastre. Esta é a sua história.

Em 1458 nasceu uma formosa infanta a quem chamaram Leonor. Destinada a ser rainha, a jovem cresceu e transformou-se na mais notável monarca que reinou em Portugal. Mas se a sua vida é uma inspiração, também foi um rosário de tragédias. Casou com o primo, D. João II, mas o casamento não foi feliz. O Príncipe Perfeito passou o reinado em conflito com a nobreza que o tentou assassinar. A alegria por ver o marido sobreviver foi destroçada quando o seu próprio irmão é acusado de traição e morre às mãos do rei. Mas a maior tragédia da sua vida chega quando o filho morre de forma suspeita. Acidente ou atentado? Na terrível dor de uma mãe que perde o filho, Leonor nem teve o apoio que esperava do rei: D. João II estava mais preocupado em colocar no trono o filho bastardo que tivera com outra mulher.

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