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Opinião: "Há cabelos que sorriem" de Diogo Antunes


"Há cabelos que sorriem"

de Diogo Antunes

Olá leitores, cá estamos nós para vos trazer mais uma opinião.

Desta vez, apresentamos um livro que nos atraiu pela capa. Apreciem só a capa deste livro. Pois é, gostámos. O título, por outro lado, também é muito apelativo e deixa-nos a imaginar o que será o conteúdo do livro.

Estamos diante de um exemplar que conta com 92 páginas e que poderia ser fácil de ler e, ainda, que nos desse um momento de puro prazer. Mas não foi exactamente isso que encontrámos, neste primeiro livro do Autor.

Temos uma narrativa feita por uma criança (de seis/sete anos), uma criança que nunca ganha nome. É, como referido na sinopse, uma criança sem nome. Percebemos a ideia, muitas das situações relatadas poderão ser enquadradas na vida de muitas outras crianças. A ideia de não dar nome àquele narrador é interessante.

No entanto, surgem pontos que nos deixam pouco à vontade com esta história. Para já a linguagem. Demasiado construída e pensada. Não flui. Chega a ser demasiado complexa para o tipo de história que temos diante de nós e para aquilo que parece que o Autor nos quer transmitir.

Não nos parece que se justifique tal complexidade, o Autor só teria ganho, bem como a sua história, se tivesse sabido simplificar. Já sabem, às vezes menos é mais.

Não poderemos esquecer que estamos diante uma narrativa feita por uma criança, pelo que se esperava uma exposição um tanto ou quanto mais simples, mesmo que com ideias algo enrodilhadas pela idade e problemas, a narrativa deveria ter sido mais solta. Notou-se ali o adulto a falar. E muito pouco a criança. Quase que ser uma criança se torna irrelevante.

Compreendemos que o Autor queira a narrativa de uma criança pela cabeça de um adulto. Mas acaba por não fazer muito sentido a forma como nos transmite essa ideia. Principalmente, após chegarmos ao final.

Se há a opção pela narrativa da criança, deveria ter-se mantido uma linha nesse sentido. Até porque, como refere na entrevista que deu (deixamos o link em baixo), se primeiro é uma criança, depois já é uma criança com olhar adulto, mas depois já há uma rapidez na narrativa porque as crianças falam rápido. Bem, consideramos que falta aqui uma qualquer ponderação que acabou por ser visível no texto e transparecer para este lado.

Destacamos ainda que nos deparámos, inicialmente, com analogias que não funcionaram, pelo menos connosco. Há uma ou outra ideia confusa. E temos um texto denso apesar do tamanho do livro.

Apesar de ser um livro curto, quase não há diálogos. Percebemos que sejam os pensamentos de um rapazito, mas, ainda assim, poderia o Autor ter optado por um texto mais dinâmico. Isto porque, não deixa de nos querer transmitir algumas ideias complexas.

A passagem por África é breve. Já no final do livro. É nas últimas páginas que percebemos o título do mesmo. Tem a sua graça e a ideia é boa.

Devemos dizer que os últimos capítulos salvam o livro. E o último é chave de ouro da história.

O livro tem uma abordagem interessante e uma forma de expor a posição das crianças face a problemas de adultos algo peculiar.

Gostámos do Bidé. (Terão de ler para perceber.)

Deixamos-vos o link para a entrevista do Autor, onde poderão encontrar a sua visão deste seu trabalho. Enquanto leitores, dizemos, não encontrámos algumas coisas do que quis transmitir. Mas claro, tudo isto é subjectivo e está a cargo da leitura de cada um de nós.

Classificação:

- Escrita: 7

- História: 8

- Revisão do texto: 8,7

- Complexidade: 6

- Trabalho gráfico: 10

Total: 7,94

0 - Péssimo

1 a 3- Muito Mau

4 a 5- Mau

6 a 7- Satisfatório

8- Bom

9 - Muito Bom

10 - Excelente!

Mais informações em: Esfera do caos editores

Sinopse

Os avós conheceram-se no meio de uma guerra. Ele fazia poesia com a Natureza e ela tinha um magnífico cabelo que sorria.

Um divórcio, um caderno de recordações e uma aldeia longínqua, numa África utópica, talvez numa das ex-colónias portuguesas. É neste universo que o pequeno narrador se vê envolvido. E é com a sua ingenuidade e perspicácia que relata sonhos e perdas.

Através de uma escrita pueril, esta aventura transporta-nos para um infinito de possibili­dades, com o passado e o futuro a intersectarem-se sem qualquer rigidez cronológica e com o leitor a ser sugado para essa teia complexa que é a imaginação de uma criança sem nome.

Algures, bem no interior de uma savana, ficamos a conhecer Perdida, uma mulher cujo cabelo espelha um maravilhoso sorriso. Mas o narrador deambula também por uma qual­quer cidade, numa correria infernal e dramática, tentando evitar o divórcio dos seus pais, prisioneiro de uma paixão infantil não correspondida e sempre em confronto com a frivolidade do mundo dos adultos e as incoerências da vida.

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