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Opinião: "Ruínas", Hugo Lourenço


"Ruínas"

de Hugo Lourenço

Aqui estamos de novo para mais uma opinião. Desta vez, apresentamos uma proposta de leitura feita pelo próprio autor. Acedemos em conhecer a escrita de Hugo Lourenço pois gostamos de, além de conhecer novos autores portugueses, novos desafios.

Não sabíamos o que esperar, a sinopse prometia um tema na ordem do dia mas nada mais que isso.

Quando folheámos o livro pela primeira vez, quando chegou às nossas mãos, ficámos com alguns receios. Pensámos que estávamos a ver muito texto e poucos diálogos o que, normalmente, não nos agrada e torna o texto pesado.

Quanto à primeira impressão, quando iniciámos a leitura devemos dizer que nos surpreendeu. O autor apresentou-nos uma boa escrita, um texto bem estruturado e coerente. Isso foi um factor positivo e que nos surpreendeu, como dissemos.

Também nos surpreendeu a sua cultura e a forma como a foi introduzindo no texto, fazendo referências bibliográficas, cinematográficas, etc. Aqui e ali deu um toque de enriquecimento ao texto.

Passemos à história em si mesma. Se o início prometia, o meio e o fim já contam uma sensação diferente. O autor ia bem lançado e pareceu-nos que não conseguiu acompanhar o próprio ritmo.

Começámos com uma trama que nos foi prendendo, mas que há medida que avançávamos se foi tornando mais difícil de manter o entusiasmo. Neste primeiro trabalho, o autor acabou por exagerar na repetição de ideias. Chegámos a um ponto em que tínhamos texto e mais texto corrido, sempre da mesma ideia. Pareceu-nos andar em círculos sem chegarmos a lado algum.

Isso sentiu-se com o final. Algo demasiado simples e inacabado. Pouco maturado.

O personagem principal/ narrador - de que não temos nome, e se o tinha, não ficou na memória - revelou-se inseguro, frustrado e incapaz de tomar decisões por si mesmo. Não queremos acreditar que seja esse o mal dos jovens de hoje, nos quais nos incluímos.

Pois se a sinopse nos diz que o tema central é a precariedade laboral e empregos rotineiros, este livro pouco falou disso. Aflorando essa parte da vida do personagem mas acabando por se centrar noutras questões, como a sua relação com os amigos Ricardo e Daniel.

Não conseguimos ligar-nos ao personagem/narrador. Embora se concorde com a personagem Joana que deu um "abanão" no pensamento estático do narrador/personagem principal, quando defende que temos de agir quando não estamos no trabalho certo ou quando não somos felizes no mesmo. Devemos lutar por conseguir e perseguir os nossos sonhos.

As últimas 40 ou 30 páginas foram as mais difíceis de ler. Muito por conta do mencionado girar de ideias. Um anti-clímax, tanta filosofia e ponderação do personagem para depois... resultar um final, quanto a nós, fraco.

Resumindo, temos um autor com uma capacidade de escrita de louvar, no entanto, ainda terá de definir o seu estilo e texto, bem como, estruturar o conteúdo.

Tendo em atenção que nem sempre mais é melhor. Como diz o ditado: às vezes, menos é mais. Aplica-se a esta situação.

Esperamos acompanhar a evolução do autor e novos trabalhos.

Classificação:

- Escrita: 9

- História: 5

- Revisão do texto: 9,8

- Complexidade: 7

- Trabalho gráfico: 9

Total: 7,96

0 - Péssimo

1 a 3- Muito Mau

4 a 5- Mau

6 a 7- Satisfatório

8- Bom

9 - Muito Bom

10 - Excelente!

Mais informações em: Esfera do caos editores

Sinopse

A precariedade laboral e os empregos rotineiros. Uma juventude desiludida e assolada por falsas promessas. As frustrações de um jovem adulto, inteligente e bem preparado, que, num país em crise, não encontra mais que trabalhos mal pagos e incapazes de o fazerem sentir-se realizado.

Mergulhado nas incertezas que o modo de viver da sociedade contemporânea impõe, será talvez nas próprias fundações da nossa Cultura que o narrador encontra, finalmente, as suas respostas.

Uma obra que retrata realidades actuais e dramáticas — o desemprego e o doutorado em Matemática Aplicada que trabalha no call center —, mas que também abre janelas de esperança — a superação, a paixão, a descoberta de novos cami­nhos…

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