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Opinião: "Pecados Santos", Nuno Nepomuceno


"Pecados Santos"

de Nuno Nepomuceno

Boa tarde leitores,

este fim de semana esteve em Leiria o autor Nuno Nepomuceno no Clube de Leitura "Conversas Livrásticas", organizado pela Roberta do blogue Flamesmr e no qual participo.

Infelizmente, ao contrário do que esperava, não consegui estar presente. No entanto, não deixei de "marcar presença" e enviei uma carta para ser lida pela Roberta durante o encontro.

Esta carta é também a minha opinião sobre o último livro do Nuno e agora partilho-a convosco:

"Antes demais, obrigada à Roberta pela surpresa e por ter convidado o Nuno para o nosso encontro mensal. Depois, Roberta, eu mato-te por teres alterado a data do encontro! Esta alteração impediu-me de, finalmente, conhecer o Nuno. Parece que é uma praga, pois nunca consegui conhecê-lo.

Mas adiante, vingo-me da Roberta mais tarde. :P

Embora não possa estar fisicamente presente, não poderia deixar de contribuir para este encontro. Aproveitei que a providência divina finalmente me bafejou com a visita da deusa da sorte e, consequentemente, tenha feito com que a mão da Roberta – sublinhe-se – tenha retirado o bem-fadado papelinho com o nome do Nuno para a leitura do mês de Outubro, para ler o seu mais recente livro “Pecados Santos”. Livro este que marca, sem dúvida, uma viragem na vida literária do autor e também na sua forma de deitar cá para fora as suas histórias e enredos.

Li o livro todo e no fim tive de o digerir. Sim, digerir.

Era minha intenção estar presente no encontro e aí apresentar a minha opinião, mesmo antes de a publicar no blogue. E decidi manter essa posição. Ainda não publiquei a opinião e quis que fossem vocês e o Nuno a sabê-la em primeira mão.

Cá vai então.

Já li todos os livros do Nuno, desde a trilogia Freelancer, passando pela Célula Adormecida e agora, Pecados Santos. Desde o início que fiquei com a sensação de que o Nuno era um autor, ou melhor dizendo e corrigindo, um escritor a ter debaixo de olho. Não me enganei. A evolução, desde o primeiro livro daquela trilogia até hoje, é notória. No entanto, manteve sempre a sua forma limpa, educada e estruturada de escrever.

Vou cingir-me ao último livro para não me alongar demasiado.

Pecados Santos é o regresso do professor Catalão e de mais um thriller religioso. Devo confessar que não aprecio histórias que se mantêm com as mesmas personagens de livro para livro pois isso obriga a uma leitura certa desde o primeiro volume para que se consiga ter uma percepção de todo o enredo e de todas as características dos personagens.

Não posso dizer que isto seja um ponto negativo deste livro, porque a bem da verdade não o é, é apenas e só um gosto pessoal. Mas se não conhecesse a escrita do Nuno desde o início e não tivesse vindo a acompanhar o seu trabalho e me deparasse com este livro por acaso, não sei se arriscaria imediatamente. Precisamente porque não me lanço sem ter lido logo os primeiros livros de uma personagem. Parece-me que falta sempre algo.

Mas, não sendo esse o caso, e tendo eu lido tudo, o que posso dizer…

Este novo livro dá-nos a continuação da história do professor Catalão, como disse, e de Diana, a sua actual companheira, há aqui romance mas sem ser o ponto fulcral do livro. O cerne, como em Célula Adormecida, é a religião e crimes a ela ligados.

Devo dizer que me espanta, ou talvez não, a forma como o Nuno nos traz uma religião islâmica, que não é predominante em Portugal, e como entrelaça na mesma os crimes que constrói.

Acho muito corajoso aquilo que o Nuno fez com estes seus dois últimos livros. Pegar em temas como o islamismo e ataques terroristas quando a Europa tremia com medo de ataques, que sofreu e que poderia e pode sofrer, e transformá-los em livros tentando mostrar um lado humano e próximo das pessoas que comungam de uma religião que não é a católica, foi de uma coragem de aplaudir. Podia não ter resultado. Mas, quanto a mim, resultou.

Confesso-me farta de thrillers religiosos que só olham para a religião católica. Conhecemo-la podre, isso é certo. Mas as histórias andam sempre à volta do mesmo e são conduzidas da mesma forma.

Nuno Nepomuceno trouxe novidade, ar fresco e uma escrita e enredo inteligentes.

Gostei de ver que a sua escrita neste último livro continua limpa e muito própria, temia que a mudança de editora pudesse alterar isso. Que perdesse pessoalidade, se é que me entendem.

Talvez tenha sido também esse o motivo que me levou a sentir tardiamente que ainda não chegara o momento de o ler. Felizmente, encontrei um livro que superou o anterior. Nota-se um cuidado na escrita diferente, é certo, e tal dever-se-á à revisão feita. Mas isso não me parece ter maculado aquilo a que o Nuno nos habituou, só por isso estaria de parabéns, bem como a equipa que o tem acompanhado agora.

Pecados Santos apresenta-se, mais uma vez, como um livro com grandes bases históricas, sente-se que há estudo e cuidado naquilo que é transmitido. Sente-se um respeito enorme e uma construção de personagens de fazer inveja a muitos, ditos, escritores.

Quando me perguntam o que acho dos livros do Nuno costumo dizer que, para mim, é dos grandes nomes do thriller português. Cada vez mais sublinho isso. Um escritor que surgiu no nosso panorama e que tem revelado sempre uma enorme qualidade.

Li Pecados Santos ao ritmo que o dia-a-dia me permitiu, para a média que tenho feito, devo considerar que o li rapidamente. Gostei bastante, no entanto, deixo no ar, conseguirá o Nuno manter a fasquia já de si elevada? (sem pressão, mas cá estarei para ler 😉 )

Referi, quando acabei de o ler, e publiquei nas redes sociais, que estava a digerir a história. É verdade. Perto do final houve uma reviravolta, um twist como as meninas do booktube gostam de dizer, que me surpreendeu. E houve não um murro no estômago, mas um baque no coração quando o livro estava perto do fim. Foi como estar a ver um filme e lançar a mão à boca ao mesmo tempo que esta se escancara. Foi o que me aconteceu quando li uma determinada cena do livro.

Há muito tempo que um livro não me provocava uma reação tão física. Um físico baque no coração, um escancarar de boca e uma mão a tapá-la. Surpresa pura. Choque imediato. Tenho lido nestes últimos dois meses bons livros. Mas livros excepcionais capazes de me provocarem uma reação física, isso não. É difícil, às vezes sou uma leitora difícil de convencer. Podem ser livro bons, mas até hoje não atingi o excepcional.

Mas o Nuno chegou lá. Uma vénia a si Nuno. Merece. Portugal precisa de arredar da vista pseudoescritores erguidos à força do marketing. O Nuno será erguido, a custo como acontece com os verdadeiros talentos, à força do mérito próprio. Parabéns.

O desafio é, conseguirá manter-se? Irá superar-se?

Faço conta de cá estar para ver, ler e assistir. E, claro, opinar. :D

Não me fico por aqui. Pois agora tenho as minhas questões a colocar.

  1. Gostaria de perguntar, o Nuno tem alguma ligação íntima com o islamismo? (sei que ninguém deve ser questionado nesta matéria – legalmente previsto – por isso fica a ressalva de que o autor poderá não responder );

  2. Porquê o islamismo? Há uma razão especial?

  3. Como faz a preparação para um livro deste tipo? A preparação é demorada?

  4. Há algum novo livro a ser preparado?

  5. Se sim, no mesmo estilo?

Não me quero alongar muito mais.

Agradeço a atenção e apresento as minhas desculpas pela ausência. :D

Mas espero em breve uma apresentação/ lançamento de um novo trabalho em Leiria. "

E pronto, foi isto, as perguntas foram feitas e aguardo que a Roberta me conte tudinho. :D

Classificação:

- Escrita: 10

- História: 10

- Revisão do texto: 9,9

- Complexidade: 10

- Trabalho gráfico: 9

Total: 9,78

0 - Péssimo

1 a 3- Muito Mau

4 a 5- Mau

6 a 7- Satisfatório

8- Bom

9 - Muito Bom

10 - Excelente!

Mais informações em: Cultura Editora

Sinopse

Um rabino é encontrado morto numa das mais famosas sinagogas de Londres. O corpo, disposto como num quadro renascentista, representa o sacrifício do filho de Abraão, patriarca do povo judeu.

O caso parece ficar encerrado quando um jovem professor universitário a leccionar numa das faculdades da cidade é acusado do homicídio.

Mas é então que ocorrem outros crimes, recriando episódios bíblicos em circunstâncias cada vez mais macabras. E as dúvidas instalam-se.

Estarão ou não estes acontecimentos relacionados?

Porque insistirá a sua família em pedir ajuda a um antigo professor, ele próprio ainda em conflito com os seus próprios pecados?

As autoridades contratam uma jovem profiler criminal para as ajudar a descobrir a verdade. Mas conseguirá esta mente brilhante ultrapassar o facto de também ela ter sido uma vítima no passado?

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