Coluna do Autor: "Ilha do sal e os seus encantos... " de Susana Esteves Nunes
"Ilha do sal e os seus encantos... "
de Susana Esteve Nunes
Terra de boa gente. Como em muitos países, também este, cheio de contrastes. A beleza das suas praias não se coaduna com as ruas e casas mal acabadas, e de condições desprovidas de bens essenciais. Ainda assim eles sorriem... parecendo não se importar.
Vislumbra-se em cada esquina as mães com os bebés presos nas costas, e mais um ou dois em cada mão. Simultaneamente muitas delas também equilibram na cabeça um alguidar repleto de frutas para vender. E os turistas captam a imagem através das suas máquinas fotográficas de valor exagerado para quem nada possui.
Tudo se vende por ruas e vielas... ( Telas, pulseiras, artesanato do mais diverso possível)... Tudo para pagar as contas do dia à dia! E embora a maioria da gente daquela terra seja efetivamente boa, há sempre um ou outro que foge à regra.
As crianças “atacavam” em grupos de três ou quatro. Carregavam cachorros bebés para impressionar os mais sensíveis e apelar a umas moedas para os alimentar. Soube mais tarde que são miúdos que escolheram como vida o caminho mais fácil. Provavelmente vão seguir a vida na área da bandidagem e descartar o trabalho honesto. Arranjam os cães num beco qualquer e nem comida lhes dão. Tudo para apelar à nossa sensibilidade e lhes passarmos alguns euros para a mão. Triste realidade... mas que felizmente contrasta com a atitude da boa gente que nada tem, trabalha muito, e que, ainda assim, partilha o pouco que tem com os animais que por ali vagueiam. A maior parte sempre numa alegria constante... dança-se aos ritmos de letras sem música, ou mergulha-se do belo pontão de Santa Maria, em “voos” acrobáticos, em direção aquele mar infinitamente belo. Afinal o que realmente importa é viver. Seja de que maneira for. E sempre que tenho o privilégio de partilhar alguns momentos com estas pessoas, agradeço, infinitamente, a lição de vida que, mesmo sem intenção, acabam por me dar... Afinal, para que estamos vivos, não é para ser feliz? Então embora lá sê-lo.
E como eles dizem (repetidamente)...
“No Stress”.
Susana Esteves Nunes
Setembro 2018