Opinião: "Enquanto acreditar em ti" de Raquel Strada
"Enquanto acreditar em ti"
de Raquel Strada
Olá leitores, ainda ontem nos encontrávamos aqui e hoje aqui estamos novamente. Pois é, mais uma opinião. Felizmente, hoje os ânimos estão mais calmos em termos de incêndios, mas as feridas demorarão a sarar. Esperamos que desse lado tudo esteja bem ou que se esteja a compor. Somos uno nesta batalha e vamos erguer-nos.
Mas falemos de temas mais leves e alegres. Ou seja, de livros!
Já há mais de um ano que trouxemos um livro de uma "figura pública", se bem se lembram falámos do romance de Júlia Pinheiro (se não se lembram fica aqui o LINK), "Um castigo exemplar". Como dissemos na altura, e vamos voltar a dizer, quando estamos diante de um livro escrito por alguém conhecido no panorama nacional tentamos abstrair-nos disso.
Ou seja, vamos para a leitura com a mente o mais limpa possível. Não importando a opinião que temos, ou não, sobre quem escreveu o livro enquanto figura conhecida.
E foi o que fizemos com este livro de Raquel Strada (para quem não sabe, a autora é conhecida da televisão nacional, trabalhando como apresentadora e agora dedicando-se também à moda).
Devemos dizer-vos que a sinopse do livro é enganadora quando diz "reencontrar o amor da sua vida", ao lermos a sinopse pensamos logo em romance puro. Seja ele feliz ou infeliz. E não é bem isso que acontece.
Sem desvendarmos muito, como nos é habitual, podemos dizer-vos que Teresa - a personagem principal - depara-se com o súbito sumiço do seu namorado, Tiago. Simplesmente desaparece. Ninguém sabe dele, a polícia pouco faz para o encontrar e Teresa desespera.
Até ao seu desaparecimento tudo era perfeito, Tiago era um profissional reconhecido e encontrava-se à frente da fundação e da fortuna da família de Teresa. Até à noite em que não regressa a casa.
Teresa desespera para o encontrar. E tudo faz para conseguir, mesmo que para isso se cruze com a morte.
Como perceberam, lemos este livro muito rapidamente. Ao todo não terá chegado a um dia. Pois é, é um livro escrito de uma forma simples, não levanta grandes problemas com a sua leitura e chega facilmente a qualquer leitor.
A autora tem uma escrita simples e leve. Os parágrafos são curtos e há diálogos. O que é bom.
Devemos dizer que não é um romance extraordinário. Talvez por ser uma primeira experiência, ou simplesmente porque não tinha de o ser. Mas é um romance que prende a nossa atenção, vamos lendo e lendo para tentar perceber o que vai acontecer a seguir. Queremos descobrir o que aconteceu com Tiago.
Ficámos algo confusos com a estrutura dada à trama. A autora foi intercalando o relato de Teresa com o seu relato em diário. Ou seja, íamos lendo o que a personagem principal ia vivendo e, em algumas páginas, líamos os seus desabafos escritos em jeito de diário. Não nos fascinou este esquema de exposição da narrativa. Embora tenhamos percebido a sua possível função mais perto do final. Ainda assim, não ficámos convencidos.
Outra coisa que vos dizemos é que considerámos Teresa algo egocêntrica. Foi tudo muito eu, eu, eu, e mais eu. Se por um lado chateou, por outro também temos de perceber que estávamos só a acompanhar esta personagem e os seus pensamentos, mas não deixou de ser uma personagem lamurienta e algo medíocre.
Talvez tenha sido essa a intenção da autora, até porque perto do fim há uma nova Teresa, há ali uma fome de qualquer coisa - não vos contamos - que nos fez pensar: finalmente acordaste!. Mas durante o desenrolar da história apetece-nos abaná-la, dar-lhe um par de estalos e dizer "a resposta está aí à frente dos teus olhos!".
Detectámos também algumas pequenas imprecisões, ou talvez tenha sido o discurso da autora que nos levou a sensações de confusão, pois se primeiro dava a entender determinado acontecimento que havia decorrido de uma forma determinada, passe a redundância, mais à frente já conta de outra maneira ou acrescenta pontos que não batem cem porcento na história que já lemos e desenvolvemos na nossa cabeça. Tivemos de voltar atrás e tentar encaixar toda a informação. Aconteceu-nos duas vezes, pelo menos.
O livro encerra o mistério do desaparecimento de Tiago, mas devemos dizer que a autora não tornou a trama misteriosa, ou seja, desde cedo começamos a perceber os contornos do que poderá ter acontecido e à medida que avançamos vamos captando as pistas. Chegamos à conclusão antes de Teresa sem grande dificuldade. E demos por nós a abanar o livro e a dizer-lhe o que se passava, literalmente.
Por fim, podemos dizer que gostámos da parte final da trama. Da volta que deu. Não é um romance com o final esperado. O que também faz a história ganhar pontos. Mas, por outro lado, pensamos que faltou qualquer coisa no final. Ficámos com a sensação de faltar ali mais um ou outro pormenor.
Bastava um qualquer coisa de nada para ter sido o final perfeito e para nos deixar satisfeitos em pleno.
Não é uma estreia estrondosa, mas também não desaponta. Satisfez-nos de alguma forma, quanto não mais não seja pelo romance pouco habitual e um final inesperado.
Um romance rápido de ser lido. Leve e sem "palha", para se ir directo ao assunto.
Classificação:
- Escrita: 7
- História: 8
- Revisão do texto: 9,9
- Complexidade: 9,8
- Trabalho gráfico: 6
Total: 8,14
0 - Péssimo
1 a 3- Muito Mau
4 a 5- Mau
6 a 7- Satisfatório
8- Bom
9 - Muito Bom
10 - Excelente!
Mais informações em: Matéria Prima Edições
Sinopse
Confrontada com um acontecimento trágico, Teresa Sobral deixa para trás a quietude de uma vida dedicada às artes para se entregar a uma única missão: reencontrar o grande amor da sua vida.
Numa espiral de perguntas sem resposta, Teresa descobre em si mesma a força que desconhecia, movida pela paixão e pela saudade. Mas até o maior dos amores pode esconder um jogo de sombras e de mistério.
